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QUEREM QUE VOS CONTE UMA HISTÓRIA PARA VER SE NOS DISTRAÍMOS? ESTÁ BEM, EU CONTO.
QUEREM QUE VOS CONTE UMA HISTÓRIA PARA VER SE NOS DISTRAÍMOS? ESTÁ BEM, EU CONTO. Fernanda, em família chamada de Fernandita ou, mais intimamente, Dita, estava em casa, maçada. Desligou televisão, rádio, computador, tudo. Já chega. O tempo cinzento, a vida cinzenta, sem frisson, a casa a precisar de reforma mas onde o ânimo para o fazer? E o dinheiro com mais urgentes destinos, só agora é que o marido começou a ganhar bem e ela, professora, a torto e a direito roubada pelo chefe do marido. E as longas tardes silenciosas, o tempo parado. Um vazio, um desespero. O marido é uma seca, bonitão mas apenas um naco de carne sem nervo, e carne sem nervo é seca, sem graça. Em tempo a coisa foi bem diferente. Fogoso, danado para a brincadeira, uma farra permanente. Agora não, agora é estar na sala, são tardes infindáveis a ver televisão, matinés com os pais, uns horrorosos que o tratam como se ele fosse um menino. Dita olha pela janela. Tanta vida dentro dela e ausência de tudo à sua volta. Ah, que pouca sorte. A filha ainda é uma miúda, não poderá por enquanto compreendê-la. Talvez mais tarde. Dita sente-se sozinha. Frustrada. Tantos sonhos, tanta vontade de ser feliz, de sentir prazer, de se sentir mulher. E tantas ideias que ela tem na cabeça. Ah, pudesse ela e tanto que se divertiria. Fecha os olhos. Homens nus. Homens nus, corpos nus, pele contra pele, uma dança dos sentidos, uma febre. Muitos. Homens nus, afagos, a respiração forte, sussurros, palavras de desejo segredadas. Dita senta-se na cama. Sabe-se bela, imagina-se desejável, uma lingerie de fazer perder a cabeça, soutien balcony, corpete de tipo espartilho, cinto de ligas, meias de costura. Ah, como que ela faria perder a cabeça a um homem a sério. A um não. A dois. Os dois sentados em frente a ela. Vendados. Sentidos apurados. Sem a verem, apenas a imaginarem. E ela a vê-los impacientes, a quererem aproximar-se, animais com cio, eles. E ela. E ela a despir-se, alça a alça, a saia, as meias. As meias não. Só no fim. Descarada, indecente. O roçar da roupa para que eles ouçam a pele contra a seda, a seda, a sede. Aproximam-se. Dita deixa que se aproximem. Para estar certa de que o que está a fazer é mais do que legítimo pensa nos sogros, ah gentinha mais horrorosa, no marido a ver televisão, a rir-se, nem a vê, o estúpido, a filha coitadinha não conta para aqui, e a roupa para engomar, e a comida para fazer, e depois os dois à mesa e o marido sempre calado, não tem conversa, não tem graça, não a faz rir, um palerma, um assessor do coelho (pode lá haver coisa pior?). Vai trai-lo e vai traí-lo sem sentimentos de culpa, porque haveria de ter?, já o devia ter feito era há mais tempo, vai traí-lo e vai vai fazê-lo em grande estilo. E, portanto, deixa que os dois homens se aproximem. Tão macia que é a sua pele, tão a precisar de carícias, de beijos, de mãos carentes. Que venham, que façam o que quiserem. Quem é ela para os impedir? Beijam-na, tocam-na, apalpam-na com amabilidade. E ela corresponde, abandona-se. Fecha os olhos. Sonha. Os corpos nus de há pouco, os que se tocam com vagar e graça, doidos de sensualidade, agitam-se agora, querem mais, não querem ficar apenas dentro da sua cabeça. Sente que está a ser penetrada, e deixa, e gosta. Uma ménage a trois bem sucedida, uma farra. Os homens nus saem da sua cabeça e rodeiam-na, juntam-se aos outros dois. Perdida por cem, perdida por mil. Aparecem vestidos, estão na sua cama, uma dança de desejo e sexo, um festim sem fronteiras. Ela bela e desejável, desejada, apetecida, desfrutável, oferecida. Sem pudor, sem remorso. Depois, mais tarde, ocultará a tarde de sexo louco e sentar-se-á à mesa com o marido, imóvel como sempre. Ele calado, ar convencido, senhor de si, a tola arrogância dos ignorantes. Dita sabe que, quando se sentiu penetrada, foi apenas um moscardo que o marido, esse ser ignorante, matará com indiferença. Deixá-lo. Outras tardes virão. Agora sabe que trair é fácil e o parvalhão do marido estava mesmo a pedi-las. E homens há muitos! |
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Gosto. Bons pormenores e muito convincente.
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12/22/2017 7:16 am |
Boa história, bem escrita
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E ainda bem que contaste e esta história, porque eu gostei muito. Gostei da história e sobretudo da maneira como a contaste... envolvente, sedutora, agarrando-nos a ela e sentindo as emoções que dela se libertam. É isto que é bom nestes textos eróticos... sentir as emoções e sentir o desejo que elas provocam em nós. Gostava agora de ter a tua opinião sobre o que escrevo... por exemplo esta história: No elevador Diz-me depois o que achaste...
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Olá, gostei muito da historia e revi-me nela! Obrigado pela partilha. Beijos.
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uiii eu quro fazer parte dessa realidade deixas
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boa historia
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1/9/2018 12:26 pm |
Gostei, experiencias da vida de quem não sai da rotina, história com muita imaginação mas acredito que seja em parte uma grande realidade entre os casais... Ha que quebrar rotinas e viver tudo intensamente. fica bem e diverte-te...
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Quando a ficção passa a realidade realizamos as nossas fantasias e desejos mais profundos sem limites e tabus-
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E bom fantasiar,,, faz bem pra saude,, e o melhor seria,, a fantasia se concretizar no real
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2/28/2018 7:19 am |
gostei da forma como escreves... li e imaginei as cenas, essa e a força da escrita, quando bem composta deixa-nos a vaguiar.
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3/1/2018 9:18 am |
Gosta das histórias, mesmo se com fundo de verdade. "há silêncios que soam mais que dias de tempestade" in vuoi essere felice?commincia adesso.
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